Dia de aula normal. Sétima série, nada na cabeça e se achando a pessoa mais madura do mundo.
Aula de Redação, o professor leva a gente pro auditório, me junto com três amigas e fico conversando. Descubro que uma quer ficar com um amigo meu. Por quê não? seria genial, poderíamos marcar de sair. Ainda faltava juntar as outras duas amigas com alguém, eu não fazia questão, era feio, baixinho, quase um duende. Uma não queria ninguém, não insisti.
Faltava uma, só uma. Não fazia questão, mas fazer o que? Minha queda por ela sempre foi notável. Não pensei em mim, já disse, tava fora de questão. Quem ela queria então? Falei todos os garotos possíveis da sala, todos os mais charmosos, e a resposta era "Não, não quero ficar com esse".
Sobrou um... Sobrou o duende, eu, o baixinho e feio. Fiquei feliz, óbvio, talvez o que eu mais queria desde que havia entrado na maldita escola ia se concretizar.
Fomos marcar de sair, marcamos de sair, saímos.
Cinema, sexta feira, que dia, QUE DIA, ia ter que usar um papo que eu não tinha... Mas não tinha que ter papo, tava certo, eu ia ficar com ela, não precisava falar nada. Ou precisava?
Fomos ver o filme, e aliás, que filme era? Era um de criança, era um desenho, não lembro o nome, mas era de desenho, afinal, foi em 2006, me dêem créditos.
Fiz um plano, ia sentar longe dela, quando chegasse a hora eu ia sentar do lado dela e ela já ia saber, eu ia beija-la. Lógico, deu errado, me empurraram pro lado dela.
Como eu ia saber o momento de beija-la? Será que ela realmente queria ser beijada? Será que ela beija bem? Cara, eu sou baixinho, ela alta, como vou fazer isso? Mesmo estando sentado, a diferença de altura fica visível.
Não tive escolha, a não ser falar "Se importa de abaixar um pouco? Você é alta...". Que merda, mas que grande merda que havia falado. Mas que que posso fazer? Deu certo.
Coloquei minha mão junto com a dela, primeiro passo foi fácil, mas e depois?
Demorei, não fiz nada, vi os primeiros 25 minutos do filme, até que ela, ela fez questão de se mexer, ela fez questão de vir pra cima de mim, e me beijou. Ah! Que beijo, não era experiente no assunto, mas eu sabia, aquilo era um beijo, o melhor da minha vida (naquela época).
Melhor filme que já havia visto, melhor beijo que já habia dado.
Comecei a carregar ali algo que trago comigo até hoje, e que desde então me vem dando alegrias e tristezas, mágoas e risadas, tudo de bom e ruim vem junto, em uma só carga.
Mas por quê nunca da certo? Sei lá, não sou o senhor da razão, tá aí uma pergunta que vou fazer pro Papai do Céu quando minha hora chegar.
Agora, em 2009, se você me perguntar qual foi o melhor beijo e o melhor filme da minha vida?
Não vou ter dúvidas, foi o de 2006, no cinema, em um filme de desenho animado no qual eu se quer lembro o nome. Mas aquilo sim foi um filme, aquilo sim, foi um beijo. Aquele, foi O beijo.
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