domingo, 12 de julho de 2009

História e música - PARTE 1

Apesar de admitir que sou um fracasso em praticamente tudo, é meio que saudável e convencional encontrar meios que eu domine realtivamente bem e investir neles. No caso, história e música - dois assuntos que eu realmente adoro e me proponho a conhecer cada vez mais, incansavelmente.

Relacionando os dois assuntos, encontro, no mínimo, produtos curiosos e interessantes. Assim, começo nesse post uma possível série sobre relações entre história e a música, explorando detalhes e, por vezes, extendendo o pensamento a outras áreas

PARTE 1: Neil Young e a conquista da América Espanhola pelas mãos de um dos maiores assasinos da história.

Música: Cortez The Killer
Álbum: Zuma
Artista: Neil Young


É impossível começar a resenha histórica sem antes comentar sobre os solos de Neil Young ao longo da música. A música possui 7 minutos que voam devido não só ao aspecto narrativo muito bem desenvolvido pelo pseudo-cowboy canadense, mas também aos belíssimos solos presentes na música. Um dos maiores solos de todos os tempos, sem dúvidas.

Cortez foi, para muitos historiadores, um dos maiores estrategistas de todos os tempos. Minha opinião? Besteira. Promoveu uma das maiores matanças da história? Certo. Mas suas vantagens eram notáveis. Superioridade bélica, busca completamente desenfreada (fornecendo certo denodo para os espanhóis) pelo ouro, - nas palavras do texto
náhuatl, preservado no Códice Florentino: "Como uns porcos famintos que anseiam pelo ouro" - aproveitamento do fascínio relativo aos espanhóis presente na mentalidade asteca, - acreditavam que Cortez fosse algo como uma entidade suprema, Quetzacoatl - necessidade de dar um basta aos desumanos sacrifícios em prol da difusão do ideal cristão, são apenas alguns exemplos de tais vantagens.

Hernán Cortez, mau pra caralho.

Métodos alternativos de guerra, como a introdução de doenças desconhecidas até então pelos índios da América e a quebra da comunicação dos indígenas (com o auxílio de um jesuíta perdido entre os maias que infelizmente não me recordo o nome e das índias que Cortez comia) são sim feitos dignos de certo reconhecimento. Mas... seriam eles tão pouco óbvios assim?

Bom, interlocuções diretas à parte, o fato é que Cortez matou gente pra caralho, e conquistou os astecas brincando de fazer Montezuma refém. É claro que meu desejo era fazer um livro sobre o cara aqui, mas blog é blog, e eu sei que ninguém gosta de ler post gigantesco. Enfim, sigamos.

Pra deixar tudo mais direto e pra relacionar de maneira mais simples a música aos fatos históricos, pegarei estrofes da música e comentarei-as.
Antes disso, é legal ressaltar a suavidade da música, mesmo que o título sugira algo agressivo. É meramente narrativa, como observaremos.


"He came dancing across the water
With his galleons and guns
Looking for the new world
In that palace in the sun."


Cortez impressionou-se pela beleza do local. Os astecas organizavam-se em uma sociedade com abundância de recursos hídricos, organizando um complexo e bem desenvolvido sistema de pontes que ligavam as sucessivas ilhotas. As armas mencionadas devem dispensar comentários, além da busca pelo "novo mundo".



"On the shore lay Montezuma
With his coca leaves and pearls
In his halls he often wondered
With the secrets of the worlds.
"

Montezuma, imperador dos astecas, é lembrado por Neil Young nessa estrofe, destacando as caracterísitca físicas e naturais do local, formando uma espécie de ambientação.


"And the women all were beautiful
And the men stood straight and strong
They offered life in sacrifice
So that others could go on.
"

Exaltando as qualidades físicas dos nativos, Neil Young faz referência também à religião dos astecas nessa estrofe. Eram comuns rituais de sacrifícios humanos, que eram realizados como um agradecimento aos deuses, que em troca dariam tranquilidade e estabilidade para o povo asteca. Tais rituais, aliás, eram encarados pelos espanhóis como uma barbárie extremamente desumana e demoníaca, servindo como justificativa para os massacres e para a imposição da religião cristã.



"Hate was just a legend
And war was never known
The people worked together
And they lifted many stones.
"

Essa estrofe já é romântica demais. As guerras entre os povos nativos eram constantes, e as relações sociais eram estritamente hierarquizadas e desiguais, tal como na civilização européia.


"He came dancing across the water
Cortez, Cortez
What a killer.
"

Fechando a canção, Neil Young apenas resume o caráter de Cortez.


Enfim, é isso. Na próxima parte, pretendo colocar Haydn e o hino alemão.

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